Cidades

Arcebispo de Maceió é alvo de ação judicial por calúnia, injúria e difamação

Processo foi movido por advogado que atuava para a Arquidiocese e aponta conflito interno que expõe crise no clero alagoano

Por Tribuna Hoje com Éassim 27/11/2025 12h28 - Atualizado em 27/11/2025 13h55
Arcebispo de Maceió é alvo de ação judicial por calúnia, injúria e difamação
Dom Beto Breis, Arcebispo de Maceió - Foto: Edilson Omena/Arquivo

O arcebispo de Maceió, Dom Carlos Alberto Breis Pereira, conhecido como Dom Beto, está sendo processado pelo advogado Geraldo Sampaio Galvão, que afirma ter sido alvo de calúnia, injúria e difamação. A ação tramita na 4ª Vara Criminal da Capital, sob responsabilidade do juiz Josemir Pereira de Souza, que determinou que o arcebispo fosse oficialmente notificado.

A disputa tem origem nas mudanças implementadas por Dom Beto após sua chegada a Alagoas. O arcebispo determinou afastamentos e abriu processos administrativos e penais contra diversos membros do clero, entre eles o Cônego João José de Santana Neto, o Cônego Walfran Fonseca da Silva e o Padre Edvan Bernardino da Silva. Segundo a Arquidiocese, os procedimentos canônicos seguem sob sigilo, e, após a fase diocesana, os autos serão encaminhados ao Vaticano para decisão do Papa Leão XIV.

O advogado que ingressou com a ação atuava em processos ligados à própria Diocese, mas foi afastado após ser acusado de conivência em casos envolvendo integrantes do clero.

Em abril deste ano, o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) abriu investigação para apurar supostas irregularidades em contratos e nas contas da Arquidiocese de Maceió e da Fundação Leobino e Adelaide Motta, administrada pela Igreja. O procedimento mira suspeitas de desvio de recursos na gestão anterior da Fundação, então presidida por Dom Antônio Muniz, com o padre Walfran Fonseca como diretor financeiro. Ambos, juntamente com outros gestores, foram afastados em março de 2024.

As denúncias envolvem uma parceria de cerca de dez anos com a empresa Mandacaru Extração de Areia, que operava em uma área pertencente à Fundação ligada à Igreja Católica no estado.

Divisão interna


Os conflitos envolvendo padres, bispos e arcebispos resultaram em um ambiente de fragmentação dentro da Arquidiocese. Integrantes da Igreja relatam que grande parte das relações internas passou a ser conduzida por vias judiciais, evidenciando a crise institucional.

Um membro do clero ouvido pelo o Portal Éassim afirmou que a situação gerou forte repercussão negativa no meio religioso, sobretudo por envolver uma liderança que deveria ser referência ética e moral. Segundo ele, o caso reflete um momento sensível da Igreja Católica em Maceió, no qual o pastor, responsável pela união e cuidado da comunidade, protagoniza um conflito de caráter pessoal na esfera judicial.